Após sucesso nos cinemas, animação sai em DVD e blu-ray; diretor não garante Rio 3 e fala de seu próximo projeto, um filme sobre o Touro Ferdinando *Matéria originalmente publicada na revista Almanaque Saraiva, edição 98 – Julho de 2014. Por Carolina Cunha Depois de levar as cores do Rio de Janeiro para a telona em versão animada, o diretor brasileiro Carlos Saldanha repetiu a dose, dessa vez na Amazônia e com uma maior diversidade musical. Na animação Rio 2, sequência do bem recebido Rio, o protagonista Blu agora é o pai de uma simpática família de araras-azuis que vai fazer uma viagem inesquecível para a Amazônia. Após o sucesso no cinema, a animação chega agora em DVD e blu-ray. Em entrevista à Saraiva, Saldanha falou um pouco mais sobre a produção do filme e sobre seu próximo projeto: a animação com a clássica história do Touro Ferdinando, escrita em meados de 1930. Veja entrevista abaixo. |

O que você queria contar nesse segundo filme? Carlos Saldanha. No primeiro filme tive vontade de mostrar os personagens no Rio, o lugar de onde eu sou. Queria mostrar um lado do Brasil, minha cultura e o orgulho que sinto dela, e que as pessoas se conectassem com essas histórias. Foi um projeto muito pessoal. Com o segundo, eu quis expandir esse universo e contar a historia além da fronteira do Rio. Quis mostrar o Brasil como um todo e seu maior patrimônio natural que é a Floresta Amazônica. Eu sempre quis conhecer a Amazônia desde pequeno e esse era um sonho meu que foi realizado. Qual foi o desafio de mostrar outras partes do Brasil e a Amazônia? Aí entrou a parte mais complicada? Carlos Saldanha. Me preocupei muito em retratar os tipos de árvores, plantas e animais que fazem a Amazônia ser o que é. Na verdade, mais difícil do que recriar uma cidade é recriar uma floresta, pois a natureza é muito rica e singular. Como a Amazônia é muito verde, a gente pensou que ia ficar uma cor monocromática na tela e por isso eu prestei muita atenção na variação de cores e plantas. Mas a Amazônia não é monocromática. Quando se olha de fora é um mar de verde, mas lá dentro é uma verdadeira palheta de cores. O filme traz novos personagens. Foi um reflexo do novo contexto? Carlos Saldanha. O legal de termos ido para Amazônia é que tivemos a oportunidade de criar personagens novos que não são pássaros. Aí criamos a Gabi, uma sapinha venenosa e que adora cantar. Ela é um dos meus personagens favoritos. Conseguimos colocar também outros animais como o boto cor de rosa, o bicho preguiça, o tamanduá e a capivara. |

Neste segundo filme o Nigel tem um papel de maior relevância. Carlos Saldanha. O Nigel é um meio-vilão, ele é um dos meus personagens favoritos mesmo no primeiro filme. No segundo eu quis uma participação maior dele. Ele merecia! Foi muito divertido poder criar o personagem junto com personagens novos, como a Gabi. A gente cria uma conexão entre os dois, uma Love story totalmente “shakesperiana” e com ares teatrais e dramáticos. A gente se divertiu muito fazendo isso. Carlos Saldanha. No primeiro filme eu estava confinado no universo do carnaval. Este segundo já tem um sabor de um Brasil mais amplo. A gente tentou buscar novas inspirações criativas, mas mantendo a diversão nos números musicais e buscando compor um visual bonito. Eu pude trazer músicos de outros lugares como o Barbatuques, Milton Nascimento e Carlinhos Brown, além de ritmos da região Norte, como o carimbó, e do Nordeste, como o maracatu. Isso fez com que a parte musical ficasse mais rica. A questão ambiental é muito presente no primeiro Rio. Existe alguma mensagem que você quis transmitir nesse segundo? Carlos Saldanha. Acho importante que os filmes carreguem alguma mensagem. O primeiro filme fala sobre a extinção de espécies e o segundo sobre devastação da floresta. É impossível falar da Amazônia sem tocar nesses assuntos. Não é um filme ecológico, mas o desmatamento é um dos elementos de conflito da história. Eu acho válido falar, mas tem que ser uma mensagem que traga uma curiosidade no público e que pense em soluções para o problema. Eu quero que as crianças sejam positivas em relação ao futuro. O Blu é um personagem que traz esse lado sensível e puro. Ele carrega uma ética muito forte e que eu acho muito importante. Ele tem a essência de um personagem que está aí para fazer o bem. Ele é um cara meio desengonçado, mas é um personagem honesto em tudo que faz. Podemos esperar um Rio 3? Carlos Saldanha. Ainda é difícil saber. O filme está saindo agora em DVD e ainda está bombando aí fora. Estamos na expectativa de deixar poeira baixar. Um de seus próximos projetos é uma animação sobre Touro Ferdinando. O que despertou seu interesse por essa história? |
